Neptuno, regente de Peixes, fala-nos da busca do Ser pela fusão total, amorosa e harmoniosa com o espírito. Simboliza a forma como nos relacionamos com a nossa natureza espiritual, com algo que está para além do inconsciente.
Se alguns de nós possuem esta energia harmoniosamente integrada, outros nem tanto. De alguma forma, de tempos a tempos, Neptuno, por trânsito no mapa astrológico, irá trazer-nos possibilidade de entrarmos em contacto com oportunidades maravilhosas de percepção intuitiva, perspicácia, inspiração, altruísmo, empatia, compaixão, sensibilidade artística e vislumbres daquilo que poderá ser a perfeição.
Por outro lado, quando temos tensões e bloqueios com esta energia, seja porque assim é a nossa natureza base, seja porque somos confrontados com desafios temporários, o encontro com Neptuno e a sua energia difusa e pouco palpável, pode deixar perplexas mesmo as pessoas mais racionais e objectivas.
Neptuno é o contraponto da realidade, dissolve o que foi criado, faz-nos abandonar os valores que deixaram de ser úteis e estimula-nos a usar a nossa energia criativa na procura de novos pontos de vista e no desenvolvimento de uma visão mais filosófica da existência.
Neptuno obriga-nos a identificar qual é a nossa concepção acerca da vida, qual a disponibilidade que temos para pôr em causa a nossa natureza escapista e eliminarmos as fantasias que construímos na tentativa de nos isolarmos num mundo fora do mundo.
O caminho da ilusão é, muitas vezes, a escolha que fazemos quando não nos queremos confrontar com as circunstâncias desagradáveis que encontramos. O passo seguinte é escolhermos fazer o papel de vítimas – dos outros, da vida, …- afinal “sabemos como deveria ser” – e, no entanto, a realidade insiste em devolver-nos uma versão completamente diferente.
Para mantermos a visão do que gostaríamos que fosse, somos capazes de distorcer, negar e mesmo rejeitar o que para os outros é óbvio. Podemos ser cruéis, manipuladores, dissimulados, enganadores.
Quando tentamos manter-nos na nossa bolha, Neptuno irá mostrar-nos as consequências de o fazermos – falta de energia, dificuldade de concentração, perda de objectividade, vitimização, autocondenação, depressão, isolamento, indefinição de limites, ausência de esperança, confusão entre sacrifício e amor, entre compaixão e caos. Quando levado ao extremo poderá observar-se uma progressiva diminuição do respeito por si mesmo e uma tendência mais ou menos autodestrutiva.
A procura do ideal fora de nós, seja nos relacionamentos, no trabalho, nos filhos, nos pais, bem como a tentativa de agradar aos outros, projectando uma imagem daquilo que não somos, acabará por nos conduzir à desilusão. Ou aceitamos que somos o que somos e tratamos de verdadeiramente esclarecer quais são as nossas capacidades, necessidades, pontos fracos e conflitos internos ou acabaremos por viver a fugir de nós próprios, alimentando mais e mais filmes na nossa cabeça, evitando confrontar-nos com os nossos aspectos sombra.
Neptuno está associado a todos os mecanismos de escape, como o álcool e as drogas, mas também quando usados para tal, o trabalho, o cinema, a religião.
Fazer o percurso entre aquilo que é e o que deveria ser implica organização, disciplina, consciência dos valores e prioridades, todo um trabalho interior que muitas vezes pode parecer avassalador. E, no entanto, é esta a proposta de Neptuno – sermos absolutamente sinceros acerca daquilo que somos, amadurecermos a personalidade para que a possamos colocar ao serviço da alma.
As manifestações negativas das características Neptunianas têm muito a ver com a procura de viver o céu na Terra, de encontrar a perfeição na realidade do dia-a-dia. Ao invés, o propósito de Neptuno consiste na espiritualização da matéria, no caminho interior que implica trazer e resolver pela integração – e não pela separação ou negação – das diversas partes de nós, os conteúdos do inconsciente de forma a que, indo para além deles, possamos finalmente entrar em contacto com a nossa natureza espiritual.
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