Imagine-se possuidora de vários colares de pérolas.
Mais, imagine que esses colares foram feitos por si. Uma a uma, com mais ou menos tempo de intervalo, foram sendo acrescentadas mais pérolas e essas fiadas foram ficando cada vez maiores, mais longas. Imagine-se também como uma pessoa altamente criativa – ainda mais do que aquilo que naturalmente já é! – e dê por si a observar que as fileiras dos seus colares de pérolas têm mais umas quantas ramificações que dão origem a mais umas quantas fiadas de pérolas. Ok…! Pode trocar as pérolas por outras contas da sua preferência… Esta foi a parte gira.
Agora, imagine, diga a si própria, faça de conta que cada um desses colares de pérolas representa uma cadeia de emoções negativas: um representa a sua raiva, outro a sua tristeza, outro os seus medos…(já não está a achar tanta graça aos colares, pois não?)
Vamos pegar num deles. Pode ser o colar da raiva, mas também lhe pode chamar o colar das suas fúrias, iras e zangas. Cada vez que sentiu essa emoção, acabou por a guardar dentro de si na esperança de, um dia, a resolver. Cada vez que pensa nela sente um aperto, fica com calor, a tensão sobe e as palavras saem da sua boca mais depressa do que gostaria. Eis quando coloca a primeira conta do seu colar. Uns tempos depois, outra situação provoca em si os mesmos sentimentos e o filme volta a passar. Lembrando-se, ou não, dos outros acontecimentos já vividos, a intensidade daquilo que sente deixa-a desconfortável e, pela enésima vez, arrepende-se e diz a si mesma que tal não voltará a acontecer. E coloca a enésima conta no seu colar.
O facto é que o copo vai estando cada vez mais cheio e a gota de água, que perigosamente o aproxima de transbordar, parece precisar de ser cada vez mais pequena.
As emoções negativas do passado ficam guardadas no inconsciente, que as reprime para nossa protecção. O que seria se estivessem constantemente presentes? Ainda assim, este mesmo inconsciente tem a capacidade de nos apresentar essas mesmas memórias reprimidas para que sejam resolvidas tornando-as racionais, por forma a libertar as emoções negativas. Por isso estas emoções parecem ter capacidade para ter “vida própria”, emergindo apesar da decisão consciente de “não deixar que volte a acontecer”. As emoções negativas não desaparecem assim, elas estão armazenadas no inconsciente e surgem independentemente da nossa vontade em as controlar. E sendo verdade que todas estamos sujeitas a coisas menos simpáticas na vida e que esta nem sempre é perfeita (aparentemente), é normal que tenhamos, por diversas alturas, experienciado momentos que nos fizeram sentir tristes, ansiosas, frustradas, zangadas e com medo.
Mas, por que razão haveremos de revisitar esses momentos um sem número de vezes, voltando a sentir o que naquela altura sentimos? A razão é simples. À semelhança das histórias infantis que, enquanto crianças, pedíamos aos nossos pais para repetirem até à exaustão, as memórias com emoções negativas contêm em si o potencial de aprendizagem. Não é pela presença das emoções negativas que desenvolvemos novas e melhores formas de lidar com a Vida mas sim pela aprendizagem e pelos significados que são dados a esses acontecimentos.
Cada vez que acedemos a uma memória emocionalmente significativa, acedemos a um conjunto de memórias associadas ligadas a esse assunto. Isto faz com que o impacto que tem o conjunto das memórias acerca desse assunto – o seu colar de pérolas – seja maior do que o impacto do conjunto dessas memórias de per si – cada uma das contas do seu colar.
Estará certamente a perguntar-se como é que se pode livrar desses colares, certo? Às tantas, já não consegue nem olhar para eles!
A Time Line Therapy® permite-lhe trabalhar na cadeia de acontecimentos – a sua Linha do Tempo – de forma a limpar e libertar as emoções negativas associadas ao acontecimento. Vamos à causa raíz, ao primeiro acontecimento (sim…à primeira pérola!). Assim que isto é feito, o colar é desfeito, a ligação é quebrada e as emoções associadas à memória são eliminadas. Em troca, o propósito por trás de cada experiência, as aprendizagens e as novas estratégias, ficam disponíveis para quando delas necessitar no futuro.
Sim, faça os seus colares. Mas com memórias boas, com contas reluzentes. Que essas contas representem as suas conquistas, alinhadas com os seus valores e com aquilo que a faz realmente feliz!
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Está tudo bem. Mas… será que está mesmo?