Hoje, temos a noite mais curta do dia mais longo do ano. O Sol atingiu a sua plenitude.
O Solestício de Verão corresponde, no anuário pagão, a Litha, a celebração da fertilidade e abundância da Terra. Stonehenge, assim como muitos monumentos pré-celtas, encontra-se alinhado com o ponto de nascimento do Sol, que é também celebrado com fogueiras.
Tendo aquecido e fecundado a Terra, o Sol inicia a partir de agora a sua retirada, que culminará no Solestício de Inverno, quando o dia for o mais pequeno do ano. As noites começam a ser progressivamente mais longas, sinalizando a maior preponderância da Lua sobre o Sol, o que nos transporta para o tema das águas, do signo de Caranguejo – que hoje se inicia – e para a sua regente, a Lua, também chamada Rainha da Noite.
Lembremo-nos de que, a 24 de Junho, se celebra o nascimento de S. João Batista, aquele que baptizou Jesus pelas águas. Esta celebração ocorre 6 meses antes da data calendarizada para o nascimento de Jesus e coincide com a data do Solestício de Inverno, a 22 de Dezembro.
Em Portugal, são tradicionais os altares de S. João Batista, chamados Cascatas porque armados dessa forma, e neles a água é de presença obrigatória. As Orvalhadas de S. João continuam a ser bem conhecidas e têm relação com as ideias de fertilidade e casamento. Os banhos tomados nas águas do Douro e nas praias da Foz têm associados a tradição da cura de alguns males, o que nos reporta para as propriedades curativas e regeneradoras da água.
De acordo com a tradição de Avalon, este é o festival da Mãe da Água, cultuada também no nosso território como, entre outros nomes, Maria, Moura das Fontes, Senhora do Mar, Senhora da Compaixão, Cale da Água. Cale, a Deusa tutelar que deu o nome a Portugal – Portus Cale – este pedaço de terra rodeado de água, rosto e ponto mais ocidental da Europa.
Relacionadas com a simbologia de Caranguejo vemos a romana Vesta e a grega Héstia como deusas do lar e da família. A deusa romana Diana está associada à Lua e à fecundidade e a sua contraparte grega, Artémis, cujo nome escrito ao contrário dá Simetra, terá sido cultuada em Sintra, o Monte da Lua, como Cynthia, deusa da Lua.
Quando falamos da Água, sabemos que é a fonte primordial da Vida. Vimos da Água e por ela o nosso corpo é, maioritariamente, constituído. Ela é fluidez, capacidade para permear, contornar, refrescar e humedecer. Intimamente associada à Lua, relaciona-se com as marés, com os ritmos, com os ciclos. Ela invade e permeia todos os recônditos. Está associada às emoções e às memórias.
As águas límpidas sempre foram vistas como espelhos da verdade; permitirmo-nos ser vulneráveis e irmos fundo na busca da cura das nossas emoções, mesmo as mais inconscientes, é reconhecermos a nossa coragem e a nossa força para honrarmos o passado buscando a construção de novos alicerces que nos irão permitir projectarmos o nosso futuro de modo consciente e livre.
A palavra solestício (do latim sol+sistere) significa Sol que não se mexe. Corresponde ao momento em que o Sol, durante o seu movimento aparente através do espaço, atinge a maior inclinação em latitude, medida a partir do Equador.
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