Quantas vezes dizemos a nós mesmas que precisamos de tempo para nós? Provavelmente vezes demais e isto porque… raramente passamos das palavras aos actos.
Existe um estigma sobre este tema. O estigma de que ter tempo para nós equivale a ser egoísta. Que precisar de estar sozinha, nem que seja por umas horas, equivale a rejeitar a companhia dos outros. E esses outros são, muitas vezes, aqueles que nos são mais próximos. Já lhe aconteceu?
Como fazer entender que o tempo que precisamos para nós mesmas, seja para um passeio, uma massagem, uma saída com uma amiga ou simplesmente umas horas refastelada no sofá, ainda que o lava-loiça esteja a espreitar e o deadline do trabalho a ser entregue esteja quase a chegar, seja fundamental para encontrarmos o nosso equilíbrio interno?
Mas será que já reparou que, muitas vezes, somos nós as primeiras a contrariar a vontade de encontrar estes momentos e fazê-los acontecer?
Somos até capazes de apregoar aos sete ventos que amanhã vamos tirar um tempo só para nós, podemos até ter reservado esse espaço na agenda mais ou menos electrónica, lemos sobre isso em livros, nos posts das redes sociais, convencemo-nos que merecemos e estamos perfeitamente legitimadas para o fazer…
E depois, lá vem aquela vozinha, sabotadora, que salta logo à nossa mente, com um “Como te atreves?” “Como te atreves a achar que está correcto colocares-te em primeiro lugar quando há tanta coisa para fazer, quando podias estar a fazer algo realmente útil, quando…, quando…, quando…?
Sim é fundamental encontrar tempo e espaço para nós. Eis algumas razões:
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Reflectir sobre o momento da sua vida: o que está a funcionar, o que precisa de maior atenção.
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Planear o futuro: o que quer para a sua vida, como fazer para o atingir.
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Perceber que só estando centrada e equilibrada será capaz de dar respostas equilibradas e confiantes
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Tomar consciência de tudo aquilo que já alcançou e reconhecer-se por isso.
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Recordar os bons momentos: trazem ânimo para enfrentar os desafios. Agradeça
O que a impede de o fazer? Normalmente são crenças, passadas de geração em geração, que nos dizem que precisamos estar sempre disponíveis para os outros e que as suas necessidades estão à frente das nossas. Contrariar estes dogmas será sinal de egoísmo e, se o fizermos, mais tarde ou mais cedo, pagaremos por isso. Já agora, se quem está ao seu lado lhe cobra estes momentos, talvez seja interessante reflectir sobre isso…
É importante perceber as consequências de viver a sua vida conscientemente ou em piloto automático. Não ser capaz de verdadeiramente cuidar de si pode ser um primeiro passo para a real solidão e essa, sim, pode vir a pagar-se caro. Por isso, se continua a agir como se as suas necessidades não tivessem importância, experimente reflectir sobre como será possível dar o melhor de si mesma aos que mais ama se se tiver perdido de si própria e aquilo que tem disponível ser apenas uma ténue imagem do potencial que habita dentro de si.
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