Num tema astrológico, a Lua e a Vénus representam os dois princípios femininos. São polaridades e precisam absolutamente de serem ambas expressas e, idealmente, bem integradas na vida de cada uma de nós.
A Lua fala-nos acerca das necessidades de protecção, das reacções instintivas aos acontecimentos, dos sentimentos, do passado, da memória, dos hábitos e do inconsciente.
O sentido de pertença é muito importante em tudo o que diz respeito à Lua – pertença a uma família, a um grupo, a algo onde possa sentir que tem aí as suas raízes e, assim, garantir estabilidade e segurança.
Relaciona-se com o desejo por receber afeição e obter popularidade. É naturalmente empática, o que lhe permite captar os sentimentos dos outros e disponibilizar-se para os ajudar – algo fundamental na função da maternidade – mas também para usar a sua presteza como moeda de troca, inculcando nos outros sentimentos de dívida da e obrigação, procurando assim garantir a sua segurança emocional.
A nossa parte lunar tem a capacidade de entendimento dos ciclos do tempo e da consequente adaptação necessária para deixar partir o antigo de modo a que o novo se possa manifestar.
A Lua é, antes de tudo, a representante da primeira relação importante da nossa vida – a relação com a mãe.
Através da leitura do signo, casa e aspectos que faz com outros planetas do mapa natal, bem como dos trânsitos dos primeiros tempos de vida, podemos perceber como foi vivida a relação com a mãe e antever os padrões que irão moldar os futuros relacionamentos íntimos. Por isso, sim, a Lua também nos fala de relacionamentos.
Se a relação for tensa, podemos observar sentimentos de carência, isolamento, culpa, medo de expressar necessidades, competitividade mãe / filha, dificuldade em vivenciar a sensualidade, intensidade emocional desapropriada, frustração e insegurança.
Se para a Lua uma das palavras-chave é maternidade, para a Vénus será relacionamentos.
Através dos relacionamentos vamos formando as nossas noções de mérito e valor-próprio, funcionando o outro como um espelho das nossas características expressas, desejadas e reprimidas.
Com a Vénus unimos inteligência, estratégia, cultura e sentido estético. Vamos aprendendo a identificar o que consideramos belo e harmonioso – coisas, pessoas, situações.
Desenvolvemos a capacidade de dar e receber, o colocarmo-nos no lugar do outro para percebermos de que forma podemos criar parcerias que nos tragam felicidade. O objectivo é o mesmo: rodearmo-nos daquilo que nos dá prazer.
A Vénus não se preocupa nem com o passado nem com o futuro. O seu objectivo é amar e ser amada – não porque se sinta carente, ou porque dependa dos outros para conhecer o seu valor, mas pela satisfação que isso lhe dá.
Simboliza a capacidade de identificar aquilo que valorizamos e, com isso, percebermos o que nos faz escolher o que escolhemos para as nossas vidas.
Com ela descobrimos a sensualidade, compreendemos o amor-próprio e a autoestima e aprendemos acerca dos que nos traz felicidade e satisfação.
No mapa de uma mulher, o posicionamento da Vénus irá mostrar a forma como ela se vê a si mesma enquanto mulher e o modo como aborda os relacionamentos.
Em dificuldade, a Vénus poderá ceder à tentação de se compensar através do intelecto procurando o sucesso material a todo o custo. Pode ser superficial, egoísta, infantil, ciumenta, possessiva, cruel, com falta de autoestima e força de vontade.
E o que dizer quando estes dois princípios se encontram desafiadoramente ligados no mapa natal?
Pensemos na Lua enquanto representante da mãe, do papel da maternidade e dos ciclos do tempo. E recordemos as pressões, que tantas vezes sucedem, para que a mulher, após ser mãe, se remeta ao seu papel mãe e esqueça o seu lado venusiano, a menos que queira ser vista como egoísta e fútil. Ou que esqueça os ciclos do tempo e se mantenha eternamente jovem, activa, produtiva e ponha de lado as necessidades de nutrição e conforto emocional.
Provavelmente irá perder a autoconfiança, a alegria de viver, o gosto por se arranjar e, eventualmente, desenvolver ciúmes e ressentimentos em relação aos filhos e, em particular, à filha.
No mapa de um homem, mas também nos mapas de mulheres, tensões entre estes dois planetas sugerem dificuldade em conciliar as necessidades de receber apoio maternal com as necessidades de realização através da vivência do princípio venusiano – ingredientes de qualquer triângulo amoroso que se preze.
Há padrões que se repetem e é realmente comum observarmos os mesmos tipos de desafios, a percorrerem várias gerações dentro de uma mesma família.
Honrarmos todas as partes de nós é fundamental para que vivamos uma vida plena de significado e possamos deixar para as futuras gerações a herança que gostaríamos de ter recebido.
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