Vénus, Afrodite para os gregos, a deusa da fecundidade e da beleza, tornou-se também a deusa do amor – quer nas suas manifestações mais belas, quer nas mais degradantes.
Quando pensamos nos princípios associados a Vénus, o mais relevante talvez seja o da coesão. A coesão, quando tem por base a união voluntária, traz a estabilidade que, por sua vez, proporciona as condições para que nos sintamos seguras para expressar quem somos. Se a coesão acontece à custa do sacrifício da autenticidade e da liberdade não falamos de verdadeira coesão, mas de coersão – uma união baseada na força, no poder de subjugação de uma das partes sobre a outra, uma relação que não tem por base o amor, mas sim o abuso, a carência e a dependência.
Vénus fala-nos de amor, harmonia, criatividade. Vénus não busca amor, Vénus é amor – o amor venusiano diz-nos que alguém merece ser amado, respeitado, valorizado, pelo simples facto de existir. Transporta consigo os temas relacionados com o mérito e o valor próprio.
Será que conseguimos reconhecer o nosso valor próprio? Será possível amar o que não valorizamos?
Quando os relacionamentos se tornam o palco de cedências para que as relações (qualquer que seja a sua natureza) continuem a existir, mais tarde ou mais cedo acabam por surgir conflitos que irão pôr a descoberto a verdadeira natureza de cada uma das partes envolvidas. Esses momentos críticos, ou de crise, são as oportunidades para que o relacionamento se transforme ou termine.
Para que Vénus possa ser realmente vivida nas nossas vidas, precisamos ter bem estabelecida uma noção clara de individualidade, assim como temos de ser capazes de a expressar no dia-a-dia da nossa realidade. Sem isso, não existe autenticidade e, sem ela, não existe nada de verdadeiro para ser amado, valorizado e respeitado pelo que esses relacionamentos, de uma forma ou outra, depressa se esgotam.
Os princípios associados às funções relacionadas com Vénus (tal como com qualquer outro planeta) podem ser vistos em todos os tipos de relacionamento – do mais íntimo ao mais global, desde o relacionamento connosco mesmas aos relacionamentos entre países. O que está na base dessas relações? Uma vontade genuína de dar e receber em igual proporção, respeitando a individualidade de cada um dos intervenientes, procurando formas criativas e harmoniosas de fazer realçar os recursos de cada um e criar algo cuja soma é maior que cada uma das partes? Ou substituímos o desamor por possessividade, ciúme, egoísmo, infantilidade e crueldade?
Vénus fala-nos de valores e convida-nos a perceber o que é que é realmente importante nas nossas vidas.
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